top of page

O mundo precisa de mais Marias

  • Sofia Lavos
  • 1 de fev. de 2024
  • 3 min de leitura

Atualizado: 8 de fev. de 2024

‘Criatividade, Originalidade e Iniciativa’ estão classificadas no top 10 das skills mais relevantes em 2025, pelo World Economic Forum, a par de outras como: o pensamento analítico e a inovação, resolução de problemas complexos, sentido crítico e capacidade de análise.


Longe vão os tempos em que a criatividade era atributo exclusivo de artistas. Hoje é amplamente consensual que ela é uma competência central no portefólio das empresas. Mas apesar da evidência, há um espaço de enorme progressão para assumir o erro (e a experimentação que está na sua génese) como parte do processo criativo.



ree


Tomemos como exemplo uma empresa, prestadora de serviços de contabilidade e fiscalidade, e dois colaboradores - a Maria e o António.

  • Maria, Técnica Oficial de Contas, com 10 anos de experiência; interessada e sempre atenta a atualizações de normativos destaca-se pela relação e conhecimento da sua carteira de Clientes, pela curiosidade constante, pelo interesse em encontrar soluções nas ferramentas de trabalho que permitam simplificar a sua atividade e ganhar tempo para acrescentar valor, a cada uma das empresas que trabalha. A Maria procura frequentemente formação da área ou de ferramentas de trabalho, que com frequência partilha com os seus colegas de equipa. 


As perguntas que mais frequentemente faz são: ‘porquê’, ‘para quê’ ‘e se’?

  • António, Técnico Oficial de Contas, com 15 anos de experiência, zeloso, destaca-se pela perseguição obstinada do cumprimento de todas as tarefas. O António faz uma triagem da informação sobre a sua atividade, que normalmente recebe (não procura!) e apenas se detém naquilo que obrigatoriamente tiver de mudar; seja por exigência legal ou alteração dos procedimentos da empresa. Normalmente não faz perguntas, mas dá mais respostas: ‘sempre se fez assim’, ‘desde que não me faça perder mais tempo’, ‘primeiro tenho de acabar esta tarefa’. Ele é frequentemente procurado em alturas de crise, quando é preciso executar eficientemente um grande volume de trabalho. 


Existem Marias e Antónios em tantos departamentos, empresas, de setores de atividade diversos; e ambos são importantes. Envolver Antónios em dinâmicas de ideação e criação; e Marias no foco de tarefas repetitivas de equipa; são verdadeiras empreitadas para os líderes. Fazer de Antónios e Marias duplas de sucesso são a chave para o progresso.

Por hábito, por inércia, por falta de perfil, e, tantas vezes, por pressão de resultados as Marias não são integradas devidamente. É exigente para um líder deixar questionar, permitir testar, e errar; e fazê-lo de forma sistemática e enquadrada na dinâmica de negócio. Gerir uma equipa com perfis diversos também pede mais atenção, esforço redobrado e presença atenta do líder.


Mas, por muito que doa e até pareça contraproducente, é fundamental fazer este caminho.

  • Acolher o erro e tirar partido dele

As dinâmicas regulares de equipa, através de reuniões específicas para o efeito (ou não!) são espaços perfeitos para perceber porque se falhou e o que se aprendeu. Há que fazê-lo de forma transparente, franca e sem outra intenção que não seja a de aprender com o erro.


  • Questionar para desenvolver sempre! 

O líder que queira desenvolver a sua equipa deve: criar o contexto e o espaço para que os seus elementos identifiquem melhorias a implementar no seu trabalho. Há soluções mais e menos sofisticadas para o fazer, mas: não o fazer pode ser fatal na sua dinâmica de crescimento e dos resultados que atingem.


  • Inspirar com exemplos

Trazer casos de negócio, histórias ou práticas - que sejam percebidas pelos elementos da equipa como bons paralelismos e exemplos a seguir - ajuda a sair da realidade nua e crua da tarefa para o plano da conceção e criatividade. 


As equipas precisam de mais Marias que enquadrem, se enquadrem, e tenham espaço para acrescentar às equipas, juntamente com Antónios e… tantos outros!


Os líderes das equipas que terão mais sucesso serão aqueles que souberem trabalhar a diversidade de perfis, a inclusão e que, consequentemente, conseguirem incorporar a ‘disciplina da criatividade’ nos processos de trabalho, como uma prática de gestão corrente.

 
 
 

Comentários


bottom of page