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Aprendo, logo cresço

  • Sofia Lavos
  • 1 de fev. de 2024
  • 3 min de leitura

Atualizado: 14 de fev. de 2024

Atitude positiva e de crescimento – treina-se ou já há uma propensão em cada um de nós para ter uma visão expansiva e não bloqueadora do desenvolvimento, da aprendizagem, do desempenho?


A growth mindset atribui-se como terminologia para descrever uma atitude aberta e expansiva à aprendizagem e ao desenvolvimento. 

É um modo próprio de ver desafios e contratempos. Quem tem esta mentalidade de crescimento acredita que, mesmo que tenha dificuldades, as suas capacidades não são imutáveis. Alguém com este mindset considera que, com o trabalho, as suas capacidades podem melhorar com o tempo. E desenvolve um conjunto de comportamentos sistemáticos que revelam uma atitude distintiva perante os desafios.



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Pode tender-se a achar que esta caraterística se encontra em profissionais mais jovens, mas a realidade nem sempre o demonstra.

Maria e Miguel: duas histórias ficcionadas, três décadas de distância à nascença. Os contextos sociais e vivências divergem entre ambos, mas o que mais os distingue é a atitude.


Maria, 27 anos licenciada em Educação Básica, a mais velha de quatro filhos de uma família de classe média-alta, inserida num ambiente culturalmente rico. Terminou a licenciatura e começou a trabalhar na sua área de estudos, no mesmo ano. Cedo se deparou com os desafios de uma função em crise de reconhecimento social, mas sobretudo com a dúvida latente em relação à sua motivação profissional. Encontrou uma oportunidade de trabalho numa empresa de produção vinícola e alimentar, da sua família, onde passou a desempenhar funções administrativas, com progressivamente mais oportunidades. Maria ficou numa posição privilegiada de aprendizagem e possibilidade de crescimento. Com já três anos de trabalho nesta empresa apresenta uma evolução lenta de desempenho, uma insatisfação constante - não obstante a formação, a exposição, o apoio das chefias e colegas e a possibilidade de desenvolvimento que os diferentes projetos a que foi assignada lhe apresentaram. 


Miguel 63 anos, o mais velho de 6 irmãos oriundo de uma família pobre do interior do país. Costuma dizer que trabalha desde que se lembra de si. O Miguel tem duas licenciaturas (uma em gestão, outra em engenharia informática), duas pós-graduações, um mestrado e um doutoramento. Pai de 3 filhos, quase avô, com um curriculum profissional rico, colabora hoje numa empresa tecnológica na área de ciber-segurança e continua a reservar tempo de estudo diário, para as matérias sobre as quais se interessa. Ele é o colaborador mais velho da empresa, o mais conhecedor e aquele a que jovens recorrem para se enquadrar nos processos de trabalho e no conhecimento técnico prático da área. É, recorrentemente, chamado a participar em projetos transversais e o seu parecer técnico é recolhido nos mais variados temas.


Do acompanhamento destes dois profissionais, três diferenças marcantes se encontraram e são próprias para uma atitude crescimento.

  • Enfrentar a brutalidade dos desafios. Para desenvolver uma mentalidade de crescimento, é preciso encarar e enfrentar os desafios. Mais que contorná-los, é preciso descascá-los às postas e trabalhá-los faseadamente; com resiliência e foco.

A Maria foi fugindo. O Miguel disse sempre “presente”.

  • Ganhar ou Perder – tudo é aprender. A aprendizagem com o insucesso é central para o desenvolvimento. Das falhas mais insignificantes, às de maior impacto: é preciso ter a disciplina de aprender com os erros que surgem. 

Miguel mantem registo, de “do’s” e “dont’s”, de todos os projetos relevantes onde esteve envolvido. Maria repete as suas pequenas incorreções, como se a experiência e a repetição não lhe trouxessem nada de novo.

  • Tornar a aprendizagem uma rotina de vida, cheia de novidades. Há que alimentar a curiosidade inquietante da aprendizagem e experimentar diferentes métodos.

Miguel lê diariamente 1 hora, está a escrever um livro e dá aulas.

Maria sente-se cansada e sem vontade de ler nos tempos livres; e adia a escolha da nova formação que a empresa lhe proporciona todos os anos.


Tantos Migueis sexagenários darão hoje lições a jovens Marias.

A atitude e a mentalidade de crescimento farão de nós o que apenas nós quisermos. Não tem de depender do contexto, da idade ou da oportunidade.

Desenvolvimento é, antes de mais, um processo pessoal. Antes de ser atributo da empresa ou da instituição, a vontade de aprender cultiva-se individualmente e, tantas vezes, é um processo; um modo de vida.


Que a história do Miguel sirva de inspiração – a do jovem das beiras que decidiu começar a aprender com 10 anos… e que nunca mais quis parar. 

 
 
 

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