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Ego, Ego Meu: haverá alguém mais equilibrado que eu?

  • Sofia Lavos
  • 1 de fev. de 2024
  • 3 min de leitura

Atualizado: 14 de fev. de 2024

Vivemos na era do ‘self’: self-awareness, self-care, self-development, self-improvement

Há uma indústria sem fim para: redução de stress, desenvolvimento do foco; melhoria de hábitos e produtividade; promoção da saúde e bem-estar; desenvolvimento de sentido de comunidade, entre tantas outras. As soluções práticas também são muitas e estão acessíveis em várias plataformas e modelos.



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Esta vaga do ‘self’ mudou a forma como as empresas enquadram o bem-estar das equipas e a responsabilidade que cada um assume pelo seu pelo seu próprio equilíbrio e desenvolvimento. 


Por um lado, as empresas trabalham de forma mais holística e adaptativa o tema: promovendo soluções globais, mas incorporando a possibilidade de cada um fazer escolhas e diferentes conjugações. Na era do ‘self’: ‘one size doesn’t fit all’

Por outro lado, os colaboradores apropriam-se do equilíbrio físico e emocional como prioridade sua - a par das restantes prioridades profissionais. Não há gradação de importância. É o fim do ‘worklife balance’ e o novo paradigma é ‘workflife integration’.

Um exemplo recente, que ilustra os tempos em que vivemos.


“Entrámos na sala do Conselho de Administração e Clara, sentada no topo da mesa, estava de olhos fechados com as duas mãos no peito e fazia inspirações e expirações profundas. Ficámos segundos parados e sentimos necessidade de fazer algum barulho, para que nos sentisse entrar. ‘Bem-vindos’, disse então. ‘Podemos começar’.

Na apresentação do nosso projeto Clara foi exigente, assertiva e focada; como já nos tinha habituado. Sem dispersões e com poucos rodeios defendemos o nosso trabalho, sujeitos ao desafio constante e pertinente da administradora. A reunião terminou à hora prevista; trouxemos trabalho para melhorar e a certeza de que fomos acolhidos e valorizados. 

Ganhámos o projeto e acrescentámos aprendizagens.”


Se nos relatassem evento parecido, nos anos 80, acharíamos bizarro. Esta história, inspirada numa situação real, revela aquela que já é, para alguns gestores, uma prática diária na sua rotina de trabalho – uso de técnicas de redução de stress e foco no momento presente.

Há já muita evidência científica sobre os efeitos da meditação no contexto de trabalho, mas existe igual preconceito em assumi-lo como prática de autorregulação emocional corrente. Os benefícios da atenção plena, proporcionados pelo exercício de meditação, estão para além da promoção da autoconsciência, tendo efeitos na aprendizagem e na memória; ajudando a regular o sono, controlando o cortisol e promovendo a libertação de hormonas que promovem o bem-estar como: as endorfinas, dopamina e serotonina.


Como promover mais comportamentos como os da Clara?

O que se requer dos líderes, num momento onde este equilíbrio emocional e físico é tão valorizado?


  • Conhecer a equipa… a sério e sem preconceitos!

Num contexto empresarial onde coexistem equipas de gerações diferentes, com culturas várias e tantas vezes geograficamente dispersas; conhecer verdadeiramente os colaboradores - os seus hábitos regulares, o seu enquadramento familiar, pessoal e as suas prioridades de vida – é uma missão tão hercúlea quanto estruturante. Ela exige do líder atenção e empatia constantes, incorporando a diversidade como alicerce e o humanismo como higiene de gestão.


  • Ser flexível, com critérios claros, transparentes e equitativos

A flexibilidade veio para ficar nos modelos de trabalho, mas a sua implementação pode assumir contornos distintos – por tipo de negócio, por funções e por gerações. O grande desafio do ‘one size doesn’t fit all’ é garantir uma flexibilidade regulada por critérios que sejam conhecidos por todos e percebidos como equilibrados e justos. Neste contexto, como noutros, “menos é mais”: é importante ter flexibilidade, em doses graduais, garantindo um exercício de liderança sério e justo aos olhos da equipa.


  • Liderar pelo exemplo

A autoconsciência e autocontrolo são estruturantes em lideranças emocionalmente inteligentes. Muitos dos líderes de hoje já o sabem e praticam. Aos que ainda não se iniciaram neste caminho (ou àqueles que ainda o evitam): devem fazer a sua curadoria na vasta oferta do autodesenvolvimento, testar e adequar as suas práticas, servindo de exemplo às suas equipas.


No mundo pós-covid e com a assustadora 'Great Resignation' que o seguiu, o movimento do 'self' ganhou mais fundamento e mais sentido de urgência. 

O bem-estar visto de forma abrangente e as práticas de autocuidado, exigem enquadramento na vida dos negócios. Já não são moda: são formas de estar nas empresas. 

Nestes novos tempos, todos os egos devem ser importantes aos olhos do líder que preze o desenvolvimento sustentado e próspero da sua equipa.


Ajustar o comportamento dos líderes a esta era do ‘self’ é inteligente, inclusivo e humanista como, de resto, a liderança deve ser.

 
 
 

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