Liderança Autêntica: desculpa ou farsa?
- Sofia Lavos
- 1 de fev. de 2024
- 2 min de leitura
Atualizado: 8 de fev. de 2024
Há líderes que se escudam na autenticidade para agir. Há líderes que a teatralizam, mediante o cenário.
Numa fação os “líderes de identidade intocável”; na outra os “líderes camaleónicos”.
De um lado, a fidelidade absoluta a linhas de conduta conhecidas e valores próprios; de outro, a adaptabilidade incessante ao contexto e a modelos que se percebem funcionar melhor. Levado ao extremo: os primeiros líderes podem tornar-se altamente inflexíveis ou inadaptados e os segundos podem ser percebidos como voláteis e pouco confiáveis.

A autenticidade está no centro destas caricaturas e é tema antigo, que foi ganhando espaço crescente em conteúdo (com mais expressão desde há uma década, aproximadamente). Esta popularidade explosiva do conceito e a indústria da formação que o alimentou deveram-se à crescente falta de confiança nos líderes empresariais e à igualmente preocupante falta de motivação dos colaboradores.
Ora, se é evidente que há uma carência de valores e ligação à cultura das organizações também é verdade que há empresas (e fases das mesmas) que exigem respostas diversas. Um novo contexto organizacional, novas responsabilidades, novas funções podem pedir que os líderes adotem padrões de comportamentos diferentes daqueles que na sua história de liderança anterior funcionavam. E ajustar comportamento não é necessariamente incoerente; é inteligente e acelerador de uma liderança eficaz.
A resposta da liderança aos dias de hoje, é por isso a de autenticidade adaptativa.
Como fazê-lo?
Conhecer profundamente o novo contexto
Quando encara uma nova empresa, ou uma nova função, o líder deve iniciar procurar saber, entre outras coisas: o que define um “bom desempenho”; quais são e como funcionam os processos-chave; quem são as pessoas (as competentes, confiáveis e influentes); quais foram as histórias de mudança passadas; quais são os desafios e oportunidades (presentes e futuros) da organização e do líder; e qual é a cultura, no que se percebe que deve ser preservado e no que se pretende mudar.
Aprender a copiar os outros, mas bem!
É importante observar e ter vários modelos de referência com os quais se possa aprender o que funciona e o que não funciona em cada empresa. Um líder que preze a sua autenticidade deve combinar tudo o que já aprendeu com os estilos e comportamentos de outros, vários, que lhe sirvam, que lhe sejam “confortáveis” adotar.
Foco na aprendizagem, como habilitador da melhoria do desempenho
Como não é expectável conseguir tudo a todo o tempo, o foco deve ser sempre em trabalhar para melhorar. Estabelecer objetivos de aprendizagem ajuda a explorar o tipo de liderança a desenvolver.
Atualizar continuamente a narrativa de liderança.
Ao longo da carreira profissional vão-se criando, de forma consciente ou não, lições que se tiram de momentos relevantes de experiência profissional. Os líderes tendem a recuperar esses ensinamentos para aplicá-los em situações onde identificam semelhanças. É preciso ir atualizando as narrativas que se contam sobre sucesso, como se faz com um CV. O que hoje se valoriza hoje não é necessariamente o mesmo que noutros tempos.
A autenticidade diz respeito ao que é único e inimitável e, por isso, cada líder tem em si o potencial de ser marcadamente distintivo. A aprendizagem e a adaptabilidade propiciam o sucesso da liderança, na eficácia e na sustentabilidade dos seus resultados.
Que autenticidade e adaptabilidade sejam parceiras sérias: pela liderança autêntica e adaptativa e… pelo fim das desculpas e das farsas!




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